segunda-feira, 10 de julho de 2017

Doping: a vez de Matej Tóth?

Matej Tóth sagrando-se campeão olímpico dos 50 km marcha,
no Rio de Janeiro, em 2016. Foto: AP
A Associação Internacional de Federações de Atletismo (AIFA) anunciou este domingo ter suspenso preventivamente o marchador eslovaco Matej Tóth, pode irregularidades detectadas no passaporte biológico do atleta. Campeão olímpico em título dos 50 km marcha, Matej Tóth fica suspenso até decisão final sobre o processo que impende contra ele e do qual poderá resultar uma suspensão de quatro anos.

A nota emitida pela AIFA não especifica a que momento remontam as suspeitas que recaem sobre Matej Tóth, não se sabendo, por isso, desde quando pode tornar-se efectiva qualquer decisão sancionatória contra o marchador eslovaco. O documento, emitido pela Unidade de Integridade do Atletismo (UIA), adianta ainda que, «no sentido de proteger a integridade do processo, a UIA não fará mais comentários até haver uma deliberação sobre o processo».

O chamado «passaporte biológico do atleta» é um registo electrónico de dados sobre marcadores biológicos e resultados de análises de dopagem para atletas profissionais ou de alto nível competitivo, tendo sido adoptado em 2002 pela Agência Mundial Antidopagem. O principal mérito deste instrumento de combate à dopagem está na manutenção de registos de dados biológicos dos atletas durante um período de tempo (geralmente, oito anos), prazo em que se considera adequado para o desenvolvimento de testes que permitam detectar novas substâncias utilizadas por atletas em procedimentos de dopagem.

Caso se confirme a prática de dopagem por Matej Tóth, tal facto deitará por terra a credibilidade das declarações proferidas em diversas ocasiões pelo atletas contra a admissibilidade de marchadores russos nas grandes competições internacionais de atletismo em consequência do comprovado recurso à dopagem pelos atletas da Rússia.

No entanto, em declarações à Canadian Broadcasting Company (CBC), o marchador canadiano Evan Dunfee, quarto classificado nos 50 km marcha dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (ganhos pelo eslovaco), afirmou-se convencido de que Tóth é um atleta limpo: «Anos atrás, passei alguns meses a treinar com o Matej e tenho um bom conhecimento pessoal dele. Estou plenamente convencido de que é um atleta limpo», afirmou o canadiano, poucas horas após ter sido conhecida a notícia da suspensão preventiva de Matej Tóth.

Atleta de 34 anos, Tóth registou um primeiro grande sucesso internacional em 2010, na cidade mexicana de Chihuahua, ao vencer a prova de 50 km da Taça do Mundo de Marcha. Um ano depois, na Taça da Europa de Marcha de Olhão (Portugal), repetiria a dose mas na distância mais curta (20 km). Nessa distância continuaria a frequentar o pódio nas edições seguintes da Taça da Europa – 3.º e Dudince-2013 e 2.º em Múrcia-2015 –, tendo neste último ano alcançado o título mundial dos 50 km nos Campeonatos do Mundo de Atletismo realizados em Pequim. Pelo meio, nos europeus de Zurique de 2014, foi segundo nos 50 km. Matej Tóth tem como recorde pessoal na distância longa 3.34.38 h, marca superada apenas pelo recorde do mundo do francês Yohann Diniz (3.32.33 h, nos europeus de Zurique de 2014) e pelo antigo máximo mundial do russo Denis Nizhegorodov (3.34.14, na Taça do Mundo de Marcha de Cheboksary, em 2008).